O grande revolucionário bolchevique Vladimir Lenin.
Neste 22 de abril completam-se 152 anos do nascimento de Vladimir Ilitch Ulianov, o grande Lenin, um dos maiores revolucionários da história e principal dirigente da Grande Revolução Socialista de Outubro de 1917 na Rússia. Por este motivo, reproduzimos novamente o artigo 'Um grande político e líder mundial de verdade', de autoria do professor Fausto Arruda, publicado originalmente no jornal A Nova Democracia nº 64, em abril de 2010, quando da passagem dos 140 anos do nascimento de Lenin.
A
Revolução de Outubro de 1917 na Rússia estremeceu o mundo, abrindo uma
Nova Era na história da Humanidade. Entre os grandes abalos que provocou
deu a conhecer ao mundo a figura de um homem simples, de baixa
estatura, mirada aguda e voz enérgica, o chefe do Partido Comunista da
Rússia (bolchevique) e da revolução Vladimir Ilitch Ulianov, mais
conhecido pela alcunha de Lenin. Mas para a feroz polícia política do
czarismo, a Okrana, não significou novidade alguma, já que por longos
anos tivera o revolucionário como o mais procurado. Tampouco foi para os
chefes do oportunismo (mencheviques e socialistas-revolucionários) que
com a revolução democrática de fevereiro de 1917, investiram-se de novos
representantes da burguesia e do imperialismo à cabeça do Governo
Provisório e que após as greves e manifestações operárias armadas de
julho daquele ano lançaram seus agentes numa frenética perseguição ao
líder bolchevique.
Mas se não
bastaram suas façanhas que culminaram no Grande Outubro, os dias que se
seguiram ao estremecedor acontecimento se encarregaram de revelar a todo
o mundo e por completo a dimensão de um chefe da classe mais
revolucionária da história, o proletariado, quando este toma o poder e
começa a erigir seu Estado. Os dramáticos e tão curtos 6 anos e dois
meses que Lenin esteve à frente do primeiro Estado proletário socialista
(outubro de 1917 a janeiro de 1924), foram demasiados e suficientes
para deixar patente sua estatura de político com P maiúsculo, de grande
chefe internacional da classe operária e de gigante entre gigantes do
pensamento e ação.
Diante do
aprofundamento sem par da crise de todo o sistema capitalista – que para
sua conjura exige novos planos e novas máscaras para sustentar seu
domínio político –, os imperialistas manejam com frenesi as mais
potentes máquinas de propaganda (marketing) que a história já conheceu
na orquestração de promover a grandes estadistas e líderes mundiais
gente como Obama, Luiz Inácio, et caterva.
À
sombra da figura ciclópica de Lenin, no pântano da mediocridade, em sua
insignificância e dimensão minúscula, sumidades em coisa alguma, as
figuras dos novos fantoches do imperialismo apenas medram.
Que brutal diferença! Colosso e pigmeus!
A TRAJETÓRIA E OBRA DO GRANDE COMUNISTA
Quadro de V. Serov: Mensageiros visitam Lenin
Vladimir
Ilitch Ulianov nasceu em 22 (9) de abril de 1870. Aquele que viria a
ser conhecido como Lenin pelo proletariado e povos revolucionários do
mundo todo passou a infância e início da juventude em sua cidade natal,
Simbirsk (atual Ulianovsk). Filho de um inspetor escolar, Volodia (seu
apelido de infância) era um estudante aplicado e leitor compulsivo.
Perde o pai em 1886 e no ano seguinte seu irmão mais velho, Alexandre, é
executado por liderar um atentado contra o czar Alexandre III. Todos os
cinco irmãos de Lenin iriam se dedicar à luta contra o czarismo russo.
Ainda
em 1887, Lenin é expulso da faculdade de Kazan por participar de
atividades políticas revolucionárias. Em 1892 seria readmitido como
aluno externo (sem permissão para frequentar as aulas) e em poucos meses
é aprovado, em 1º lugar, nos exames de quatro anos de curso.
A FORJA DE UM REVOLUCIONÁRIO
Muda-se para São Petersburgo no ano seguinte, quando assume o marxismo, começa a escrever seus primeiros panfletos e a fazer propaganda revolucionária para o proletariado. Se aproxima do grupo Libertação do Trabalho, liderado por Plekhanov, que introduziu o marxismo na Rússia. Já envolvido em intensa luta ideológica contra os falsos revolucionários, Lenin funda em 1895 a Liga da Luta para a Libertação da Classe Operária, junto com Martov. Neste mesmo ano é preso por ter feito agitações políticas entre os operários. Sua pena: três anos na Sibéria. Lenin dedica-se intensamente este período para escrever sua primeira grande obra, O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia (publicado em 1899) e outros textos. No degredo oficializa a união com sua companheira Nadezhda Konstantinova Krupskaya, a quem havia conhecido em 1893 e o acompanharia até o fim da vida.
Influenciado pelas grandes greves operárias de meados da década de 1890, Lenin se colocaria o problema do processo revolucionário e a questão do partido passa a ganhar principalidade em sua obra teórica. A principal luta que se delineava era contra o economicismo e o espontaneísmo– formas de oportunismo no movimento operário russo – e principais obstáculos à organização da vanguarda proletária. Lenin acompanharia da Sibéria o congresso de fundação do Partido Operário Social-Democrata Russo*, em 1898.
Cumprida
sua pena, Lenin se dirige à Suíça, onde funda e dirige o jornal Iskra,
que passa a porta-voz dos social-democratas (marxistas) russos e que era
enviado periodicamente aos operários e camponeses de sua terra natal.
Após a polarização em duas frações no partido: bolchevique (maioria) e
menchevique (minoria), a direçãodo Iskra seria usurpada por Trotsky,
Plekhanov e mencheviques, em 1903. Em 1902 publica Que fazer?,
no qual fundamenta sua concepção da necessidade de um partido de novo
tipo capaz de dirijir a luta política do proletariado até a tomada
revolucionária do poder. Era uma contundente crítica ao economicismo dos
que preconizavam a principalidade da luta econômica do proletariado e
desprezavam o papel do partido da classe, da teoria revolucionária e da
luta política.
Em 1903, no II Congresso do POSDR, Lenin lidera a fração vermelha bolchevique na luta contra o oportunismo dos mencheviques.
Lenin discursa em 5 de maio de 1920
1904: a Rússia czarista entra em guerra contra o Japão. A precária situação da classe operária e dos camponeses russos, aliada à humilhante derrota para o Japão, acelera a elevação da consciência das massas. A autocracia estimula, através de sua polícia secreta, Okhrana, (em especial seu agente Zubatov), a formação de sindicatos ligados ao Estado e à Igreja Ortodoxa, para apaziguar o ímpeto revoltoso. Os social-democratas passam a atuar nas organizações de massas que vão surgindo.
JORNADAS REVOLUCIONÁRIAS
Em 9 de janeiro de 1905, em São Petersburgo, uma manifestação pacífica de milhares de operários, liderados pelo padre Gapon, pretendia entregar um documento com as reivindicações dos operários ao czar. O "paizinho" dos pobres ordena então que as tropas abram fogo contra o povo, assassinando centenas e ferindo milhares de operários. Graças à consequente atuação dos social-democratas, as massas romperam com as ilusões com o Estado e suas instituições e o que se seguiu foi uma grande insurreição popular contra o czar. Em outubro, a maior greve da história rússa parou o país. Em dezembro, o povo novamente se insurgiu, desta vez em Moscou, já com a finalidade de derrubar a autocracia. Nesse período começam a aparecer os soviets, órgãos criados pelos prórios trabalhadores e nos quais os bolcheviques foram instruídos por Lenin a atuar, transformando-os no embrião de um poder popular. A repressão foi brutal e milhares de revolucionários foram massacrados pelas tropas czaristas em quase dois anos de combates.
No calor das jornadas revolucionárias de 1905, em abril, os bolcheviques se reuniram no 3º Congresso do POSDR, definindo o papel dirigente do proletariado na revolução democrática e tendo o campesinato como seu principal aliado. Os mencheviques realizaram uma conferência à parte e aprofundaram o abismo que os separava dos bolcheviques, definindo a burguesia liberal como dirigente da revolução. Essas e outras contradições importantes foram expostas por Lenin em sua obra Duas táticas da social-democracia na revolução democrática.
Os congressos de 1906 e 1907 do POSDR mostram uma crise na social-democracia. Uma nova unificação entre bolcheviques e mencheviques não dura muito e os prórios bolcheviques conhecem o fracionamento. Alguns, como Bogdanov e Lunatcharski, pretendem mesclar o materialismo dialético com filosofias de moda na época, na prática negando o marxismo. Materialismo e empiriocriticismo surge então em 1908, combatendo o abatimento revolucionário, bem como o reforçamento do idealismo e do misticismo, na esteira do terror policial czarista.
RECONSTITUINDO O PARTIDO
Neste período, setores à direita do POSDR, notadamente os mencheviques, defendem a liquidação do partido e a capitulação às forças da autocracia. Dirigidos por Lenin, os bolcheviques persistem na construção do partido revolucionário clandestino e estabelecem uma tática flexível, aliando o trabalho legal e ilegal. Mais tarde, em 1912, quando do novo ascenso revolucionário, os bolcheviques logram realizar a Conferência do Partido em Praga, na Tchecoslováquia. Considerando que a luta com as frações oportunistas, mencheviques e outras, no marco de uma mesma organização, havia se esgotado, Lenin, partindo do entendimento de que no desenvolvimento do partido revolucionário do proletariado surgem frações que expressam linhas divergentes e que, chegado a determinado momento, a fração que sustenta a linha vermelha proletária tem que assumir a reconstituição do partido, conclui que os bolcheviques devem se estabelecer enquanto o partido revolucionário do proletariado, separando-se orgânicamente das frações oportunistas. Foi criado o jornal Pravda.
Nesses anos, a passagem do capitalismo de sua fase de livre concorrência à superior dos monopólios já se completara e com isto as contradições no seio desses monopólios e entre as potências ganharam novo vulto e significado, o da guerra como meio de resolvê-las. Os acontecimentos apontavam para num futuro breve um conflito de proporções ainda não conhecidas, a guerra mundial pela partilha do mundo entre as maiores potências. A política central dos governos das potências imperialistas passa à de preparação para a guerra.
Na II Internacional, com Bernstein e Kautski à cabeça, a traição à classe operária ganha força na forma do social-chovinismo, como a linha de aprovação no parlamento dos créditos de guerra, etc. Bernstein propugnava que o movimento é tudo, o objetivo final é nada. Outra de suas idéias revisionistas, defendida também por Kautski, é a teoria das forças produtivas, segundo a qual o socialismo se produzirá naturalmente se o capitalismo se desenvolver plenamente primeiro e que as forças produtivas se tenham desenvolvido enormemente. Após o triunfo da revolução na Rússia e na China, para se combater a concepção marxista-leninista de que no socialismo existem classes e luta de classes, a "teoria das forças produtivas" seria adotada por revisionistas como Trotsky, Bukharin, Kruschov, Liu Chao-shi e Teng Siao-ping. Teoria podre que foi o guia para a restauração capitalista na URSS após a morte de Stalin e na China após a morte de Mao Tsetung.
Lenin escreveria, em 1915, A bancarrota da II Internacional, A revolução proletária e o renegado Kautsky e outras obras de duro combate ao oportunismo, agudizando ao extremo a luta entre marxismo e revisionismo.
As atividades de Lenin vão elevando o marxismo a um novo patamar de desenvolvimento. Ainda em 1915, Lenin publicaria o texto Sobre a palavra de ordem dos Estados Unidos da Europa, no qual analisa a situação dos movimentos revolucionários nas condições do capitalismo em sua fase imperialista e chega à importantíssima conclusão de que é possível a vitória do socialismo num pequeno grupo de países ou mesmo em um só. Segue-se a publicação, em 1916, de Imperialismo, fase superior do capitalismo, no qual sintetiza as características do imperialismo como sendo capitalismo monopolista, parasitário e em decomposição e agonizante, porque esta era a fase de seu desenvolvimento máximo e última, as condições e a inevitabilidade de sua queda e a necessidade de sua substituição pela forma superior de organização da sociedade, o comunismo, representando um salto de qualidade na compreensão marxista sobre o capitalismo.
Em todas essas batalhas, Lenin nunca abriu mão de defender a essência do marxismo. Encarando a luta de classes como o motor da história, nunca se fartava de dizer que fora o poder, tudo é ilusão, e que tendo esse objetivo, a classe operária deveria se preparar e utilizar a violência revolucionária para derrubar a burguesia, seu velho Estado, substituir a ditadura burguesa pela ditadura do proletariado e construir o socialismo no rumo do comunismo.
MOMENTOS CRUCIAIS
A I Grande Guerra Imperialista prosseguia desde 1914, impondo grandes sacrifícios ao povo russo, que servia à autocracia como carne de canhão nas trincheiras. Este terreno fértil para as idéias revolucionárias seria semeado diuturnamente por Lenin e seus camaradas. Em fevereiro de 1917 novamente os operários tomam as ruas. Uma manifestação de operárias reivindicava melhorias econômicas e a volta dos soldados para casa, quando foi duramente reprimida. Em instantes, já haviam centenas de milhares de operários em greve. O povo pegou em armas e derrubou a autocracia.
O governo provisório que se seguiu, composto pela burguesia liberal e diversos partidos oportunistas, incluindo os mencheviques e socialistas-revolucionários, trai todas as aspirações do povo, mantendo o país na guerra. Lenin, então no exílio, decide voltar à Rússia, onde lança a palavra de ordem de "todo poder aos soviets" e com as Teses de abril chama o partido a preparar a revolução socialista, uma vez que a revolução democrática havia sido conquistada no essencial. Suas posições triunfariam no VII Congresso do partido em junho de 1917.
No calor da crise revolucionária e em meio das tormentosas tempestades das massas enfurecidas, às portas da tomada do poder Lenin vê como fundamental fazer a defesa da concepção marxista do Estado para limpar o terreno dos engodos da burguesia, ilusões pequeno-burguesas e das falsificações revisionistas dos pseudo-marxistas. Formula então o seu demolidor Estado e Revolução, obra que mesmo inconclusa consagrou-se como um dos clássicos do marxismo.
Em 10 de outubro uma reunião do Comitê Central bolchevique decide pela preparação da insurreição e nomeia a Comissão Militar do partido. No dia seguinte, os dirigentes Kamenev e Zinoviev, que votaram contra a proposição de Lenin, revelam a decisão à imprensa (e, consequentemente, à polícia), delatando os planos bolcheviques. Lenin exige a expulsão imediata por alta traição dos dois membros do Comitê Central.
NASCE A PÁTRIA SOCIALISTA
Em 25 de outubro (7 de novembro no calendário ocidental), orientados pela Comissão Militar, os contingentes armados de operários e soldados de Petrogrado tomaram o poder em nome dos soviets de operários, camponeses e soldados. Neste dia Lenin declararia no salão do Instituto Smolny: "a tarefa de construir um novo poder de que falavam os bolcheviques se realizou", e "agora, passemos à construção do socialismo", sendo ardorosamente aclamado pelas massas de delegados reunidos no II Congresso dos Soviets.
Urgia a necessidade de sair da guerra, mas com dignidade. Com instruçoes precisas de Lenin, Trotski é enviado a negociar a paz com os alemães, mas opôs sua própria e desastrosa consigna, o disparate de "nem paz, nem guerra". Sanado o prejuízo com a imposição de um acordo, a nascente pátria do proletariado passa a enfrentar a intervenção estrangeira numa guerra civil que duraria até 1921. Lenin sobrevive a uma tentativa de assassinato em agosto de 1918.
Internacionalista inflexível que era, Lenin não abriria mão de uma organização internacional que orientasse a revolução mundial. E em 1919, ainda em meio à guerra civil patrocinada pelas potências imperialistas para impedir os primeiros passos do poder soviético, dirige a criação da III Internacional, a Internacional Comunista. Com este novo centro, a revolução mundial avançará a grandes passos, e dezenas de partidos comunistas são fundados em países de todos os continentes sob sua orientação. Às vésperas do seu II Congresso, preocupado com o fracasso de levantes armados na Europa derivados principalmente de linhas sectárias, estreitas e esquerdistas, Lenin escreveria Esquerdismo, doença infantil do comunismo.
O
incansável Lenin agora prepara os planos para a construção do
socialismo. Elabora a Nova Política Econômica, essencial para a
reconstrução do país destruído por longos anos de guerra imperialista e
civil e para impedir a ruptura da aliança operário-camponesa, estabelece
as linhas principais da economia, a eletrificação, a indústria, a
agricultura. As terras dos antigos nobres e latifundiários são
distribuídas aos camponeses, uma nova sociedade nasce.
Em
maio de 1922 sofre o primeiro ataque cerebral, ficando parcialmente
paralisado. Não chegaria a se recuperar totalmente, mas até parar de
respirar, em 21 de janeiro de 1924, Lenin nunca deixou de trabalhar e se
preocupar com o Poder Soviético, com a saúde de seus camaradas, com a
vida das massas e de acreditar no futuro luminoso da humanidade, o
comunismo.
___________________________
Nota
*A
expressão social-democrata era como se denominavam os marxistas à
época. Lenin às véspera da Revolução Socialista de outubro de 1917,
argumentando sobre a necessidade de o partido ter a denominação
científica correspondente à sua ideologia de classe proletária, propõe a
nova denominação de Partido Comunista da Rússia (bolchevique).
No hay comentarios.:
Publicar un comentario