Fidel Castro y Kruschev en 1963
"Cuba tiene una alta responsabilidad en América porque fue una esperanza; pero hay que recordar muy bien qué pasó el año 70, Fidel Castro dijo que había fracasado la estrategia de la lucha armada, buscando abandonarla, dejar lo que había incentivado y apoyado".
(Presidente Gonzalo, 1989, Entrevista ao Periódico El Diario)
Nota do blog: Por ocasião da morte de Fidel Castro, líder do revisionista Partido Comunista de Cuba e dirigente da inconclusa revolução cubana, publicamos importante matéria produzida pelo MEPR em 2010, cuja crítica se faz atualíssima e contundente.
Enquanto Fidel convoca a juventude a se ajoelhar frente ao Imperialismo, Raul anuncia inédita onda de demissões
"Los popes "sociales" y los oportunistas están siempre dispuestos a soñar con un futuro socialismo pacífico, pero se distinguen de los socialdemócratas revolucionarios precisamente en que no quieren pensar ni reflexionar en la encarnizada lucha de clases y en las guerras de clases para alcanzar ese bello porvenir".
(V.I.Lenin, “El programa militar de la revolución proletaria”, setiembre 1916).
No dia 3 de setembro último Fidel Castro Ruz pronunciou, frente a
milhares de jovens, um discurso intitulado “Mensagem aos estudantes
universitários de Cuba”. Quem quer que tenha lido o conteúdo de tal
discurso, que teve ampla repercussão, não pode deixar de recordar as
felizes palavras do grande Lênin, referindo-se aos oportunistas e padres
sociais que vivem a sonhar com um futuro maravilhoso e sem guerras,
“esquecendo-se” de mencionar que não é possível haver paz enquanto
persistam as causas das guerras, que são exatamente a luta de classes e o
imperialismo.
Como um verdadeiro padre, do alto de seu sermão, Fidel Castro falou
longamente sobre as guerras, sobre as mazelas do mundo, com um tom
emocionado e preocupado. Como um padre falou em um “futuro”,
completamente abstrato e distante, sem falar dos meios de atingi-lo.
Como um padre pregou a necessidade da paz entre os “seres humanos”, sem
mencionar o fato “pouco importante” de que os seres humanos, há milhares
de anos, estão divididos em classes e que não pode haver igualdade
entre classes e nações opressoras e classes e nações oprimidas, bem como
não pode haver paz entre elas que não seja uma mentira, uma vez que
aquelas lançam mão da violência para manter sua dominação e a estas a
paz sob a velha ordem não pode significar nada mais do que seguir
vivendo de joelhos.
Como um padre falou em sonhos, morrendo de medo em encarar a realidade.
Ao longo de seu discurso não aparece uma vez sequer as palavras luta
de classes, uma vez sequer, vejam só, nem mesmo a palavra imperialismo
(antes tão utilizada para fustigar o imperialismo ianque de boca e
advogar a mera mudança de amo de fato) e o termo Revolução aparece
unicamente em uma referência a vitória da revolução cubana em 1959. Uma
vez que se trata de um discurso dirigido à juventude universitária de
Cuba em torno de questões realmente importantes dos dias de hoje (a
escalada da guerra imperialista no mundo é um fato), e uma vez que não
faltam no Brasil ardorosos defensores do “socialismo do século XXI” de
Castro e de Hugo Chavez, não poderíamos deixar de dizer algumas palavras
sobre os temas referidos.
A guerra e a paz têm ou não um caráter de classe?
Fidel Castro inicia seu discurso falando do seu processo de tomada de
consciência da opressão nacional de Cuba, e que os jovens, devido a seu
desinteresse e pureza, são mais entusiastas e dispostos a enfrentar a
vida. Achamos por isso mesmo bastante triste que Fidel receite aos
jovens de seu país, e por extensão a toda a juventude, colocar seu agudo
sentido do novo não à serviço da transformação radical de toda a ordem
vigente, no sentido da revolução, e sim no sentido de um romantismo
pacifista que, aparentemente crítico, não pode deixar de ser
profundamente conservador.
Quando diz em tom muito sério que “não estamos mais na época das
cavalarias”, e sim na era das “armas atômicas”, não faz mais que repisar
a velha chantagem do imperialismo para conter e fazer quebrar a
resistência das massas: não lutem, não façam a guerra, senão todos
acabaremos. Ora, nada mais falso. É natural, aliás, que o sr. Fidel
Castro coloque tanta ênfase nos meios técnicos de guerra, esquecendo-se
do papel dinâmico desempenhado pelo Homem e pela ideologia que o guia.
Quando predicava, nas décadas de 60 e 70, a luta contra o imperialismo
ianque, e respaldava material e ideologicamente a concepção foquista de
luta que prevaleceu na maior parte das organizações latino-americanas,
viu estas sofrerem derrota após derrota, exatamente por “esquecerem” o
fator fundamental para a vitória de qualquer ação revoluionária, que é
exatamente a participação das massas nessa luta. Longe de ver dessa
maneira, Castro e seus partidários viram a derrota da maior parte da
esquerda armada no Continente não como derrota da sua concepção
militarista e pequeno-burguesa, mas sim como motivo para passar a louvar
a “democracia” e a “via parlamentar”, caminho no qual se mantém até
hoje.
Fazendo suas as palavras de um jornalista mexicano, disse aos jovens Fidel Castro:
“Hoje enfrentamos dois grandes
desafios: a consolidação da paz mundial e o salvar o planeta da mudança
climática. O primeiro é lograr uma paz duradoura sobre bases sólidas, a
segunda é a de reverter a mudança climática (…)O panorama do século
passado não era igual o deste século. O armamento, neste momento, é mais
sofisticado e mortífero e o planeta mais débil e contaminado”. (Grifo do MEPR).
Nada mais típico do revisionismo (do qual Fidel Castro é um escolado
representante) do que advogar “grandes mudanças” para atirar ao lixo a
essência revolucionária do marxismo. Ora, as armas atômicas não são um
produto de nosso século, senão que são produto do século XX. Assim como
as duas guerras mundiais. Qual a origem disso senão o imperialismo? O
imperialismo, em sua essência, se modificou? Se aceitamos que não se
modificou, então os meios para enfrenta-lo, que os povos lançaram mão ao
longo do século XX e também neste princípio de século, as guerras
revolucionárias e de libertação nacional, seguem ou não válidos? Ora,
quando triunfou a Grande Revolução Chinesa em 1949, ou a resistência do
povo do Vietnã e, inclusive, a revolução cubana, o imperialismo já
possuía e havia utilizado armas atômicas. Ora, a luta decidida dos povos
destes países, apoiada na solidariedade dos povos de todo o mundo, foi
ou não capaz de derrotar a agressão e a chantagem militar do
imperialismo?
“…não podemos perder tempo em guerras
anacrônicas –prossegue em seu discurso –que nos debilitam e esgotam
nossas energias. Os inimigos fazem as guerras. Eliminemos todas as
causas que conduzem o homem a ver o homem como seu inimigo(…) Eu digo,
sem nenhuma possibilidade de erro, que a paz com a paz se ganha e: SE
QUERES A PAZ, PREPARA-TE PARA MUDAR TUA CONSCIÊNCIA”. (Grifo Nosso)
Aqui temos realmente um “prato cheio”. Poderíamos simplesmente dizer a
verdade elementar, que qualquer criança palestina bem sabe, que a “paz”
ganha com doces discursos só conduz à mortes e à subjugação. Será que o
povo iraquiano e afegão conquistará alguma paz “mudando de
consciência”, ou sim aniquilando o maior número possível de invasores,
armado de uma consciência patriótica e antiimperialista? É uma vergonha
alguém que ousa dizer-se “velho revolucionário” fazer discursos falando
em guerras “anacrônicas” que levam os “homens a ver os homens como
inimigos”. Ora, a guerra que os ianques travam ao agredir os povos do
Oriente Médio, ou que Israel trava contra o povo palestino, essas sim
são guerras para defender uma sociedade anacrônica, são por isso guerras
injustas, reacionárias, que devem ser repudiadas; mas a guerra que os
povos do Oriente Médio travam contra os ianques, a guerra que os
palestinos travam contra Israel genocida são guerras justas, legítimas,
progressistas, porque visam à emancipação. Botar um sinal de igual entre
uma e outra é uma verdadeira afronta aos povos que vertem seu sangue na
luta contra o imperialismo.
A paz e a guerra, afinal de contas, tem um caráter de classes:
“ La historia demuestra que las guerras se dividen en dos clases: las justas y las injustas. Todas las guerras progresistas son justas, y todas las que impiden el progreso son injustas. Los comunistas nos oponemos a todas las guerras injustas, que impiden el progreso, pero no estamos en contra de las guerras justas, progresistas. Los comunistas lejos de oponernos a estas últimas, participamos activamente en ellas. . Entre las guerras injustas, la Primera Guerra Mundial fue un caso en que ambos bandos pelearon por intereses imperialistas; por lo tanto, los comunistas del mundo entero se opusieron resueltamente a ella. La forma de combatir una guerra de este tipo es hacer cuanto se pueda por prevenirla antes de que estalle y, si llega a estallar, oponer la guerra a la guerra, oponer la guerra justa a la injusta, tan pronto como sea posible”.
(Presidente Mao Tsetung, “Sobre la Guerra Prolongada”, mayo de 1938).
Sim, a sociedade capitalista, mesmo aonde mantém seu aspecto
“pacífico”, nada mais é que o horror para as amplas massas de
trabalhadores, que nela nada têm a ganhar. Nada mais mentiroso do que
acreditar no discurso de “fim do mundo” que o imperialismo faz questão
de disseminar, seja através do discurso de “aquecimento global”, seja
através do “culto às armas”, porque o imperialismo necessita fazer crer
que a sua crise, a sua agonia é a crise e a agonia de toda a Humanidade.
E o imperialismo não conta com melhores “advogados” dessa sua tese do
que os renegados e revisionistas, que tremem mais que todos ante o
levantamento das massas. Pois nós dizemos, quanto a isso: o imperialismo
passará senhores, será destruído, e a sua destruição não acabará com a
Humanidade, pelo contrário, inaugurará a sua verdadeira História. Como
nos dizem os versos da “Internacional”, que esses renegados há muito
esqueceram, “se nos faltarem os abutres, não deixa o Sol de fulgurar”.
O Imperialismo é um tigre de papel:
O discurso tão em voga de “socialismo do século XXI” tem enganado,
deve-se dize-lo, muitos jovens, inclusive em nosso país. Muitas pessoas
sinceras, que almejam realmente a emancipação da dominação imperialista,
se deixam levar pelo descaminho pregado pelo revisionismo, às vezes
apresentado com os discursos mais “radicais”. Na verdade, tais teorias
“do século XXI”, que dizem obsoleta a necessidade da revolução
proletária, que dizem que o imperialismo não pode ser vencido
objetivamente mas sim que devemos nos contentar em “mudar de
consciência”, são já bastante antigas. Karl Kautsky, irreconciliável
inimigo dos bolcheviques e da Revolução de Outubro, já no seu tempo
falava em um “super imperialismo”, sem guerras e sem contradições, no
que foi obviamente desmentido pela vida.
Mas é nas teses apregoadas pelo “revisionismo moderno” de Kruschev,
dissecadas e combatidas pelo Presidente Mao, quando da restauração
capitalista na URSS, que encontramos a essência e a origem mesmo deste
revisionismo de Chavez e Castro. O Presidente Mao definiu o conteúdo do
revisionismo de Kruschev como “Dois Todos” e “Três Pacíficas”. Dois
Todos: Estado de todo o povo e partido de todo o povo; Três Pacíficas:
Transição pacífica, Coexistência Pacífica e Emulação Pacífica.
“Provocar disturbios, fracasar, provocar disturbios de nuevo, fracasar de nuevo, y así hasta la ruina: ésta es la lógica de los imperialistas y de todos los reaccionarios del mundo frente a la causa del pueblo, y ellos no marcharán nunca en contra de esta lógica. Esta es una ley marxista.
Cuando decimos que "el imperialismo es feroz", queremos decir que su naturaleza nunca cambiará y que los imperialistas nunca dejarán de lado sus cuchillas de carnicero ni se convertirán jamás en Budas, y asi hasta su ruina.
Luchar, fracasar, luchar de nuevo, fracasar de nuevo, volver a luchar, y así hasta la victoria: ésta es la lógica del pueblo que tampoco marchará jamás en contra de ella. Esta es otra ley marxista. La revolución del pueblo ruso siguió esta ley, y la ha seguido tambien la revolución del pueblo chino.”
(Presidente Mao, “Obras Escogidas” T. IV, 1949).
Assim, quando Fidel diz que “não pareceria possível que um país tão
pequeno como Cuba se visse obrigado a carregar o peso da luta contra
aqueles que têm globalizado e submetido o mundo a um inconcebível
saqueio”, devemos dizer que não parece e não é. Curiosamente, enquanto
não faltam em seus discursos “apelos” e “advertências”, não há uma só
menção às frentes principais de luta contra o imperialismo no mundo
hoje, como as heróicas resistências afegã, iraquiana e palestina. Uma só
menção à dura derrota imposta ao imperialismo e suas armas pelas massas
populares desses países. Não há em seus discursos uma menção sequer,
tampouco, às guerras populares em curso no mundo hoje, como a que se
desenvolve na Índia e estremece o gigante país asiático. Enquanto Fidel,
Chavez e consortes “advertem” os povos sobre os “perigos” da guerra
estes, pelo visto, não lhes dão muito ouvidos: se opõem à agressão
imperialista mas, se esta ocorre, não receiam pegar em armas para
derrota-la.
Finalmente, em uma de suas “Reflexões”, Fidel disse que o “modelo
cubano” não é exemplo para ninguém. Bom, como revolucionários, devemos
dizer, em primeiro lugar, que para o marxismo não há e nunca houve um
“modelo” de revolução. Existem, sim, verdades universais do marxismo
(que Fidel Castro jamais compreendeu, aliás) que exigem ser aplicadas à
realidade concreta de cada país. E, além disso, o chamado “modelo”
cubano jamais foi exemplo para ninguém realmente: sabemos bem aonde a
tentativa de transplanta-lo conduziu…
Os jovens sempre tiveram destacada participação na luta pela
emancipação dos povos do mundo. Seguem tendo esse papel. E as
características da juventude somente podem se desenvolver amplamente se
colocadas à serviço da luta revolucionária. A luta pela paz passa por
destruir a fonte das guerras, passa por destruir e pôr abaixo o
imperialismo. Sem essa condição, sem a decisão em enfrentar essa luta e
todas as suas peripécias, não se pode falar verdadeiramente em um
futuro, não se pode falar verdadeiramente em vitória dos povos.Inédita onda de demissões é crime contra os trabalhadores cubanos:
Os ainda iludidos com o idílico “mito do socialismo cubano”, devem ter ficado estonteados com as medidas anunciadas recentemente pelo governo revisionista de Raul Castro. Este simplesmente decretou a demissão, nos próximos seis meses, de 500.000 funcionários públicos, ou seja, 20% dos trabalhadores estatais do país! Não está descartada, após essa primeira onda de demissões, outras 500.000 no próximo ano, totalizando 1 milhão de desempregados.Tais medidas, que deixariam qualquer governante “neoliberal” enrubescido, e que são talvez inéditas na história econômica recente, foram justificadas (vejam só!) através do ensebado argumento largamente utilizado durante as privatizações das empresas estatais na América Latina: combate à “ineficácia” dos órgãos públicos e ao “paternalismo” do Estado. É claro e bem entendido que a burocracia dirigente, aquela mais próxima de Raul Castro, não está incluída em tal pacote…
Esse verdadeiro crime contra os trabalhadores cubanos ocorre após
entrevista de Fidel Castro dizendo que o sistema de governo de Cuba “não
funciona”. Como se vê, trata-se da destruição ainda mais radical do que
ainda restou de garantia aos direitos do povo na economia daquele país.
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